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Um torneio relâmpago de futebol de salão feminino foi uma das atividades realizadas para assinalar o 70º aniversário do massacre de Batepá, a 3 de fevereiro.

A iniciativa foi da Academia de Futebol Feminino em colaboração com a Direção-geral do Desporto e o Ministério da Juventude e Deporto.

Apesar de a Academia estar vocacionada para preparar atletas para o futebol de 11, a instituição recebeu um donativo de bolas e materiais de futsal, segundo a sua responsável.

Por isso, Lígia Santos teve a ideia de organizar este torneio relâmpago para “fazer crescer o futsal; empoderar as meninas; fazê-las entender que o desporto é vida; tirá-las das ruas e que estudar e jogar é fantástico”.

As atletas são oriundas de várias regiões e localidades. Uma espécie de seleção: 2 vieram de Agostinho Neto; 2 de S. Marçal; 2 de Castelo, 4 de Santana, 1 de Riboque. Foram extraídas das equipas que tenho a nível nacional. Elas vão levar de volta às equipas o exemplo de diversão que tiveram neste torneio.

“Atualmente estou com uma atleta que gostava de beber e já é mãe. Apesar de ser muito jovem, 18 anos, estou a tentar com o futebol que ela entenda que pode ainda estudar e vir a ser alguém, além de uma excelente mãe, porque tem que dar o exemplo à filha de dois aninhos que está a criar. Tenho duas atletas nestas condições”, acrescentou.

A treinadora profissional, que é santomense, indicou alguns resultado obtidos ao fim de três anos.

“Com muito orgulho, consegui enviar três atletas para estudar em Portugal. Uma está a cursar fisioterapia e a jogar futsal no Sporting Club de Portugal. Outra, joga em Viana de Castelo. E uma outra vai sair brevemente para estudar. Vou coloca-la no Varzim, na primeira divisão, a jogar futebol de 11”.

“O intercâmbio no futuro é que haja protocolos. Em vez delas saírem, fazer-se um centro de estágio em que elas possam estudar, formar-se cá e, quem sabe, serem as verdadeiras internacionais que nós precisamos tanto. E desenvolvê-las desde muito jovens. Eu tenho aqui algumas meninas de 8 anos. Incutir nelas que estudar e ter um bom futuro é um casamento perfeito com o desporto”, manifestou.

Lígia Santos confessou ainda que está a realizar um sonho. “Eu quero que algumas atletas mais velhas venham a ser treinadoras. Nós precisamos que as mulheres entrem no mundo de futebol aqui em São Tomé e Príncipe. Quero passar-lhes a pasta, as minhas experiências; que elas sintam que mesmo depois de serem atletas podem ser diretoras, mentoras, contarem as suas histórias às mais novas”.

O torneio foi uma oportunidade aproveitada pela Rede de Associações Juvenis, parceira na implementação da Iniciativa “Um Sorriso, Uma Vida” para sensibilizar as meninas, na perspetiva do seu empoderamento.

‘Estamos aqui para dizer as raparigas que o lugar da mulher é onde ela quiser. E o futebol de salão não é só para rapazes”, declarou o presidente da UAJSTP.

“Antes de começar o jogo, falamos com cada uma das equipas para explicar o que é a Iniciativa “Um Sorriso, Uma Vida”, o que pretende para São Tomé e Príncipe. Cada menina que engravida fora do tempo, não é problema só para os pais, mas também para o País. Assim sendo, queremos que as raparigas sejam parte da solução”, sublinhou Lunércio Martins.

A média de idade das frequentadoras da única Academia de Futebol feminino no país varia entre 14 e 16 anos.