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O Governo de São Tomé e Príncipe e a representação das Organização das Nações Unidas (ONU) no país lançaram no dia 17 de Maio, o Projeto Conjunto das Nações Unidas para valorizar os produtos locais, nomeadamente milho e feijão seco, e promover o bem-estar sustentável dos santomenses.

 

É uma primeira experiência, que envolve a comunidade de Uba-Budo, no distrito de Cantagalo. A duração é de dois anos. O objetivo é promover cadeias de valor alimentar local sustentáveis, o desenvolvimento rural e a resiliência, através do investimento em uma indústria agroalimentar ecologicamente correta e na criação de empregos para mulheres e raparigas trabalhadoras vulneráveis.

 

A apresentação do projeto este a cargo da Encarregada do Escritório do Programa Alimentar Mundial (PAM), Edna Peres, quem se referiu ao contexto, aos objetivos, ao processo de implementação e os resultados esperados.

 

Como destacou o Coordenador Residente, o projeto tem uma componente “inovadora de carácter social”, que visa combater a violência baseada no género, a gravidez precoce e  problemas do alcoolismo entre raparigas e mulheres vulneráveis. As ações relacionadas com aqueles aspetos são da responsabilidade do UNFPA.

 

Segundo Eric Overvest, é também “inovador, por ser uma iniciativa que envolve quatro agências” e “queremos apoiar com tecnologia verde”.

 

Outro propósito, é melhorar a coordenação com as organizações que já estão a trabalhar no setor agropecuário, como o projeto COMPRAN apoiado pelo FIDA e as ações financiadas pelo Banco Mundial e o Banco Africano de Desenvolvimento.

 

O líder comunitário garantiu que abraçam o projeto com “enorme satisfação” e, acima de tudo, “mostramos o nosso total engajamento em tudo fazer para que este não venha a ser mais um investimento daqueles que já observamos ao longo dos tempos em diferentes localidades e comunidades do país, onde se investe e os beneficiários não dão o devido tratamento e volta tudo a estaca zero, tendo que ser o governo a ter que resolver os problemas”.

 

Ele prometeu que “faremos diferente” e num futuro próximo pode-se “tirar ilações” do resultado desta diferença. “Se depender da nossa comunidade, será satisfatória”.

 

O presidente da Câmara distrital de Cantagalo destacou que “temos que mudar o hábito alimentar, porque uma boa saúde depende de uma boa alimentação. O medicamento não salva ninguém, pode é atenuar o mal. Temos pessoas jovens doentes, porque estão entregues a essa alimentação que vem do exterior”.

 

“Vamos começar a plantar e a comer o que é nosso. Temos condições para viver melhor e com dignidade. Não vamos abraçar a pobreza, porque ninguém é pobre. Quem faz muitos filhos não é pobre. Ele tem que dar de comer, dar educação  aos seus filhos. Quem faz tem que assumir as suas responsabilidades e não deixar para o Estado, que também não tem condições”, insistiu Aleixo Pires.

 

O responsável da edilidade apelou ainda à comunidade que abracem o projeto. “Vamos fazer de tudo para que seja um exemplo para esta e outras comunidades, porque temos que comer o que é nosso. Cultivar, produzir para o bem-estar das nossas famílias, da população em geral, de modo que os produtos sejam mais baratos e ter uma vida mais saudável”, sublinhou.

 

O ministro da Agricultura, Pescas e Desenvolvimento Rural alertou que “um dos maiores desafios de todos os tempos de São Tomé e Príncipe é  erradicação da pobreza extrema, a desnutrição e as barreiras ao desenvolvimento socioeconómico”.

 

Este projeto, de acordo com Francisco Ramos, vem complementar os demais já em curso no país, “na medida em que irá ajudar a desenvolver um centro piloto para transformação e conservação de produtos agrícolas produzidos localmente, o que, por um lado contribuirá para a redução da importação de bens alimentares, por outro contribuirá para a nossa segurança alimentar, nutricional e a soberania alimentar do nosso país”.

 

“De igual modo, irá ajudar o governo no combate ao desemprego, criando vários postos de emprego diretos e indiretos, sobretudo numa abordagem de valorização de trabalho feminino e dos jovens, o que enquadra ainda mais com a política do governo na mitigação dos efeitos da pandemia da Covid 19”, acrescentou.

 

Para o governante, o lançamento do projeto marca o “início de um grande processo de transformação”.

 

Os resultados obtidos servirão para construir um sistema de indústria agroalimentar sustentável e ecologicamente correto em São Tomé e na Região Autónoma do Príncipe, para melhorar a produção, processamento, armazenamento e conservação local de alimentos.

Orçado em 1,6 milhões de dólares norte-americanos, o projeto é cofinanciado pelo Fundo Conjunto para Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (SDG Joint Fund) e agências das Nações Unidas. A sua implementação em Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento como São Tomé e Príncipe é feita pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP), Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (UN-HABITAT) e Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas (PAM).  

 

O ato foi também testemunhado pelo Secretário de Estado do Comércio e Indústria, Eugénio Graça.