Nações Unidas, Nova York - Enquanto a pandemia global de COVID-19 perturba economias e prejudica os serviços sociais e de saúde, governos e parceiros sinalizam que seu compromisso com a saúde e os direitos de mulheres e raparigas é inabalável.
Há um ano, na Cimeira de Nairóbi sobre CIPD25, mais de 8.000 delegados de 170 países - representando governos, academias, sociedade civil, parceiros corporativos e outros - assumiram mais de 1.250 compromissos em apoio à saúde e direitos sexuais e reprodutivos.
As promessas se concentraram no financiamento ou implementação de programas para acabar com mortes maternas evitáveis, eliminar as necessidades não atendidas de contracepção e terminar com a violência de género e práticas prejudiciais como casamento infantil e mutilação genital feminina até 2030.
“Os compromissos assumidos em Nairóbi são mais críticos agora do que nunca”, disse a Diretora Executiva do UNFPA. “Longe de diminuir nossa ambição, COVID-19 apenas aguçou nosso foco e determinação”, sublinhou a Dra. Natalia Kanem.
Pandemia complica objetivos
Em 1994, na Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, realizada em Pequim, os líderes mundiais concordaram que todo o potencial das mulheres e meninas não pode ser realizado sem primeiro garantir sua saúde e direitos sexuais e reprodutivos. Isso inclui o direito de escolher se, quando e com quem ter filhos, o direito de viver sem violência e o direito ao mais alto padrão possível de saúde reprodutiva.
No entanto, mais de um quarto de século depois, o progresso em direção a essa meta permanece muito lento.
Mesmo antes da pandemia, estima-se que cerca de 800 mulheres morreram de causas evitáveis relacionadas à gravidez e ao parto todos os dias. Em 2019, aproximadamente 217 milhões de mulheres nas regiões em desenvolvimento queriam evitar a gravidez, mas não estavam a usar métodos de planeamento familiar seguros e eficazes. A falta de informações abrangentes sobre sexualidade deixou milhões de jovens mal equipados para tomar algumas das decisões mais importantes para as suas vidas.
Todas essas preocupações tornaram-se mais prementes nos últimos meses, à medida que a pandemia devastava os sistemas de saúde e serviços sociais em todo o mundo.
O planeamento familiar e a anticoncepção, por exemplo, estão entre os serviços de saúde mais interrompidos, segundo a Organização Mundial da Saúde. Cerca de 7 em 10 países estão a enfrentar interrupções. Relatos de violência de género aumentaram entre as mulheres confinadas.
Determinação inabalável
No entanto, em meio a esses desafios, os governos doadores já estão a cumprir substancialmente os compromissos que assumiram - que incluem mais de 8 mil milhões de dólares em promessas financeiras. Alguns participantes da reunião magna já superaram o que prometeram há um ano.
Por exemplo, o governo do Congo comprometeu-se a aumentar a qualidade dos cuidados obstétricos, especialmente os cuidados obstétricos de emergência. “Conseguimos lançar a primeira fase desse projeto em agosto”, disse Jan Willem Scheijgrong, da empresa Philips, que é parceira do Governo neste objetivo. “Esperamos que, em 12 meses, possamos coletar as evidências e ampliá-las em todo o país”, acrescentou.
“Embora a COVID-19 tenha tornado a caminhada mais desafiadora, a nossa marcha em frente continua”, disse a Drª. Kanem.