O primeiro-ministro, outros membros do governo e representantes das organizações internacionais sedeadas no arquipélago receberam a primeira dose da vacina Astrazeneca para darem o exemplo, no âmbito da sensibilização e do arranque da campanha de vacinação contra Covid-19. A segunda dose será aplicada em maio.
«Eu acabo de tomar a primeira dose da vacina para dar o exemplo e aproveito para exortar a toda a população santomense dentro e fora do país para que este exemplo seja seguido», disse o primeiro-ministro.
«É um momento de muita responsabilidade. Eu diria de história. Acabei de cumprir este dever cívico, inerente também da função que ocupo, porque os dirigentes são para os momentos em que a história exige de nós esta atuação consequente», sublinhou Jorge Bom Jesus.
A vacina que o país recebeu da Plataforma Covax está envolvida em polémica. Alguns aíses decidiram suspendê-la.
«Eu compreendo o posicionamento de alguns países que o tenham feito, mas nós guiamo-nos pela OMS e também pelos países que continuam a fazer. Estive a ouvir o depoimento do ministro da Saúde da Alemanha, um país que é uma referência ao nível mundial, em termos de população e capacidade técnica. Os comités todos de vigilância a nível da Europa, assim como os da OMS recomendam manter-se a vacina (…) Entre os riscos e os benefícios, tudo aponta que nós devemos continuar a fazer Oxford Astrazeneca», manifestou o ministro da Saúde, Edgar Neves.
«Esta vacina merece toda a nossa confiança. Até prova em contrário, os peritos que estão à volta dessas análises vão se pronunciar. E nós temos o respaldo da OMS, portanto, temos inteira confiança» reforçou Bom Jesus.
Sobre a existência de um plano alternativo, Edgar Neves disse que o país está aberto. “O governo manifestou de forma clara a possibilidade de outras vacinas. Os nossos contactos a nível bilateral vão neste sentido. É provável que venhamos a ter outras vacinas, como vem acontecendo em outras paragens”.
A ministra dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Comunidades declarou, por sua vez, que deve-se “fazer fé na ciência, porque a ciência está também ao nosso serviço. Esta vacina tem sido aplicada em outras latitudes e São Tomé e Príncipe também pode beneficiar dela”
Edite Ten-Jua deixou um apelo “à nossa população para que pudesse entrar nesse processo da vacinação, não descurando as medidas e as recomendações da Organização Mundial da Saúde, desde logo o distanciamento social, a utilização das máscaras e a correta higienização das mãos”.
A coordenadora interina do Sistema das Nações Unidas também insistiu neste ponto.
«Nós, nas Nações Unidas apoiamos e acreditamos que a vacina vai mudar o mundo. Estou vacinada, mas vou continuar com máscara, distanciamento e todos os outros procedimentos que são necessários».
Foi a exortação feita à população santomense por Katarzyna Wawiernia: “Vacinar Sim, mas continuar com outras medidas de prevenção”, porque “é muito importante voltarmos ao nosso normal, para o caminho do desenvolvimento, para o qual o país precisa continuar com força e energia”.
O representante da Unicef insistiu que “a vacina não nos autoriza a desrespeitar as medidas básicas de prevenção. A higiene é fundamental em situações de pandemia. O conjunto de medidas protetoras contra a Covid, protege-nos também contra outras doenças. Por isso, devemos continuar a mantê-las”.
«Eu considero importante ter recebido esta vacina. Há muitas informações falsas que estão a circular. E pareceu-nos importante, nós que trabalhamos afincadamente e apoiamos o governo déssemos o exemplo, dizendo a todos: tenham confiança nesta vacina. Eu fui vacinado! Cumpri o meu dever de sensibilização, de encorajamento a todos os que vão ser vacinados», reforçou Noel Zagre.
A representante da OMS considerou que a vacina “é uma solução muito sustentável” no combate à pandemia. “Mais pessoas vão ser vacinadas, vão ficar mais protegidas e mais depressa a doença vai desaparecer do país. Por isso, também estou muito alegre”.
Anne-Marie Ancia manifestou-se, igualmente, agradecida. “Cheguei a São Tomé para trabalhar e agora é o governo e a população de São Tomé e Príncipe é que me ajuda, protegendo-me contra esta doença. O meu corpo vai poder-se defender, se o vírus entrar”.
Há todo um protocolo que deve ser respeitado. Antes de se tomar a vacina, é feita a triagem e o registo no banco de dados com base no número do Bilhete de Identidade e nas informações recolhidas de um formulário a ser preenchido. Os utentes esperam 15 minutos depois da picada como medida de segurança contra eventuais reações e saem com o seu cartão de vacina.
A cerimónia que marcou o arranque da campanha de vacinação contou também com a presença de representantes do corpo diplomático, dasagências das Nações Unidas, nomeadamente Victória d’Alva, do UNFPA.
A agência entregou recentemente ao Ministério da Saúde o primeiro lote de materiais de proteção contra a pandemia, cujos beneficiários são os profissionais de saúde e de alguns serviços afins que estão na linha da frente.
O arquipélago recebeu 24 mil doses de vacina. Vários postos de vacinação estão instalados em todos os distritos sanitários do país. Nesta primeira fase, será vacinada 3% da população, que faz parte do grupo prioritário: profissionais de saúde, assistentes sociais, bombeiros, forçam militares e paramilitares e cidadãos de mais de 65 anos de idade. Embora não seja obrigatório, a previsão é vacinar 70% da população até março de 2022.