Na celebração do Dia da Juventude Santomense, o representante da Rede das Associações Juvenis (UAJSTP/SPD) partilhou a experiência vivida com a participação da Iniciativa “Um Sorriso, Uma Vida” no Youth Connekt África 2022 realizado em Kigali, Ruanda, em meados de outubro.
Para Lunércio Martins, o encontro do Youth Connekt África foi uma “experiência única, e todos os jovens deveriam ter oportunidade de participar, para perceber o engajamento dos jovens de outros países da África, na transformação da sua comunidade”.
A participação dos representantes da Iniciativa foi possível com o financiamento do UNFPA,
“A Juventude e Emigração” foi o lema da celebração. As diversas intervenções estiveram relacionadas com o assunto.
Por exemplo, Moisés Viegas, que falou da sua experiência como emigrante, destacou que é preciso ter “objetivos claros” quando se vai para outro país, em busca de melhores oportunidades. Estas, estão em qualquer parte do mundo, não somente na Europa, ou mais especificamente, Portugal, como é o desejo de uma boa parte de jovens santomenses.
O presidente interino do Conselho Nacional da Juventude (CNJ) manifestou-se preocupado com o modo como “o fenómeno emigração nos atingiu”, podendo “levar a bordo o maior número possível” de jovens, se não começarmos a agir imediatamente.
Laudino Tavares argumentou com dados do inquérito realizado pelo CNJ com o apoio do PNUD sobre a emigração. A revelação que 78% de jovens santomenses pensam a curto prazo viver fora do país foi uma “surpresa”.
“Entre as causas principais destacam-se: o desemprego, o acesso aos cuidados de saúde, a marginalidade e exclusão social”, indicou.
Sobre os jovens na diáspora, observou-se que 58,2% não quer regressar. E os que querem vir, seja por razões familiares ou porque querem dar o seu contributo para o desenvolvimento do país, ainda estão a adiar a viagem, porque o “discurso político continua distante dos jovens”.
“Assim, torna-se urgente incitar as organizações a ouvir e a integrar os jovens nas políticas das instituições. Não interessa haver programas só para os jovens. Os jovens têm que fazer parte e serem integrados nas restantes políticas. (…) Para que não haja qualquer política, seja ela ambiental, energética, educativa ou cultural que não tenha o mínimo impacto na situação e integração dos jovens, que não tome em conta as suas perspetivas, aspirações, os seus receios e a sua missão para o futuro. Isso é muito importante para a construção do nosso país”, defende a CNJ.
“É preciso criar condições para que os jovens não tenham necessidade de emigrar e criar políticas de incentivo aos que estão na diáspora para que possam regressar ao seu país de origem e contribuir para fazer crescer a todos os níveis o nosso país”, sublinhou Tavares.
O ministro da Juventude, Desporto e Empreendedorismo considerou que apesar das motivações iniciais dos envolvidos no movimento que deu origem a 5 de novembro, há quase meio século, serem outras, “os jovens continuam até ao presente momento a enfrentar grandes desafios. Significa que estamos em busca de oportunidades. Elas vão surgindo e as vamos aproveitando. Não é fácil”.
Vinício de Pina aproveitou para fazer o balanço das ações do Ministério à favor da juventude durante a última legislatura, que “consistiu em criar oportunidades para os jovens, criar espaços para dar voz aos jovens, para assim poderem contribuir”.
“Conseguimos implementar várias políticas. Mas era importante darmos ferramentas reais que pudessem transformar e impactar a vida da juventude, entre elas, a formação. Por exemplo, mais de mil jovens foram fazer formação técnico-profissional em Portugal”, disse o ministro cessante.
“Apostamos também fortemente no empreendedorismo, para dar ferramentas aos jovens para solucionar a questão do emprego, particularmente o emprego jovem. Capacitamos mais de 2500 jovens, financiamos mais de 100 projetos, em que cerca de 700 jovens tiveram esse apoio. Criamos 350 empregos diretos e mais de 500, indiretos”, acrescentou ao falar de resultados.
“Hoje, tenho a certeza absoluta que muitas coisas foram feitas para que muitos jovens estivessem posicionados nos lugares de decisão do país”, afirmou, para depois “felicitar os que foram eleitos deputados nacionais para falar de São Tomé e Príncipe e, muito particularmente, da juventude”.
“Aquele que pensa em emigrar, porque São Tomé e Príncipe não está bem; pensando que lá fora estará a mil maravilhas sem ter um objetivo, corre vários riscos de fracassar”, avisou.
Por outro lado, Vinício de Pina reconheceu a contribuição das agências das Nações Unidas nos progressos alcançados. E agradeceu, de “forma particular, o UNFPA, que também acreditou em nós, abraçou os projetos e, sobretudo, connosco quis dar uma atenção ao que tem sido um grande desafio dos jovens santomenses, que é a questão da sexualidade”.
“Se continuarmos todos a trabalhar, pensando nas pessoas e nos resultados que possam impactar positivamente a vida de cada um com o apoio dos nossos parceiros, vamos conseguir alcançar os nossos objetivos”, sentenciou no encerramento da comemoração dos 48 anos do Dia Nacional da Juventude.