O distrito de Lembá, no norte da ilha de São Tomé, foi afetado em finais de dezembro de 2021 pela enxurrada provocada por uma violenta tempestade tropical, que provocou uma vítima mortal, destruiu habitações e várias infraestruturas, incluindo unidades sanitárias.
Lembá tem 229 km² e cerca de 15 mil habitantes. A cidade de Neves é a capital do distrito e o outro conglomerado populacional é a Vila de Santa Catarina. O distrito é considerado zona industrial do país, mas as atividades económicas estendem-se à pesca e à agricultura.
Tem ainda um Centro de Saúde polivalente, com Maternidade, e dois postos sanitários periféricos.
O país vivia sob o Estado de Emergência em Saúde Pública, decretado a 17 de março de 2020, devido à pandemia de Covid 19. As medidas restritivas eram atualizadas cada três meses, conforme a evolução da situação.
O setor da Saúde do distrito foi um dos “mais atingidos” pelo Coronavírus, segundo as autoridades sanitárias locais.
O Dr. Manuel Dias, que assumiu recentemente o cargo de delegado distrital, trabalha há cinco anos na região. Viu muitos enfermeiros e médicos a adoecer.
“Num universo de 90 profissionais de saúde, cerca de 80% foram infetados por Covid 19. O país não estava preparado para enfrentar a pandemia. Não havia, na altura, materiais suficientes de proteção individual. Todos os médicos adoeceram. A maioria do pessoal administrativo, também. Entre os enfermeiros, apenas duas não apanharam a doença”, relatou.
Face à calamidade, foi o primeiro a receber os materiais de proteção individual contra a Covid 19 doados pela China, no âmbito da cooperação Sul-Sul.
O governo de Pequim disponibilizou 380 mil dólares para São Tomé e Príncipe, através do UNFPA, para a aquisição desses materiais de proteção individual e outros insumos médicos para facilitar as intervenções no domínio de Saúde Sexual e Reprodutiva.
Depois da receção e utilização desses kits de proteção individual e a capacitação dos recursos humanos realizada por outros parceiros, nomeadamente a OMS, os casos de infeção por Covid 19 diminuíram drasticamente entre os prestadores de serviço, como afirmou o médico chefe do distrito.
“O índice de contágio caiu consideravelmente. Melhorou-se o atendimento aos utentes. Estes materiais de proteção ajudaram-nos bastante. Já não se registaram casos de doença por Coronavírus entre os profissionais de saúde locais”, sublinhou Manuel Dias.
A população do distrito de Lembá não acreditava na doença e tinha uma grande resistência em usar máscara, também por razões culturais. O intenso trabalho de sensibilização e a oferta de máscaras aos utentes fizeram com que paulatinamente entendessem que a pandemia era um problema de saúde real e começassem a proteger-se.
