A mulher santomense tem vários desafios pela frente. Entre eles, vencer a pobreza, a dependência financeira, a discriminação social, a desigualdade de género e a falta de oportunidades; a violência doméstica, o abuso sexual de menores, a iliteracia e a autoestima.
A indicação foi dada pela ministra dos Direitos da Mulher no ato central que assinalou mais um aniversário de 19 de Setembro. Nesta data, em 1974, um grupo de mulheres, vestidas de preto, lideradas pela nacionalista Alda Espírito Santo, saiu em manifestação para reivindicar o direito dos santomenses à autodeterminação e à independência. O protesto foi desembocar diante do palácio do então governador colonial.
Maria Milagre Delgado admitiu, entretanto, que “vivemos tempos novos e, com eles, novos desafios”.
Sublinhou que “o ano 2022 marcou um importante momento histórico para as mulheres de São Tomé e Príncipe, com a aprovação da lei da paridade e o surgimento do Ministério dos Direitos da Mulher”.
“Porém, no que tange à representatividade da mulher na política, ainda há um longo caminho a percorrer, na medida em que este debate se encontra muito distante do desejado. Pelo que deve ser retomado, de forma organizada, com módulos próprios, propenso à criação de factos políticos passíveis de despoletar debates capazes de alavancar o peso e a visão real das mulheres na sociedade, em geral”, acrescentou.
A responsável “rendeu tributo e profundo reconhecimento” a todas as mulheres santomenses e, em particular, à geração anónima das gloriosas guerreiras de 19 de Setembro de 1974.
Comprometeu-se em “tudo fazer para que os direitos das mulheres sejam salvaguardados. Pois, a superioridade numérica das mulheres na sociedade santomense, não somente deve conferi-las a legitimidade de agir, mas também de participar mais ativamente na sociedade, com base no princípio da igualdade, proporcionalidade e representatividade”.
A efeméride foi celebrada, este ano, sob o lema “Igualdade de Género Hoje, para um Amanhã Sustentável”
Um conjunto de atividades antecedeu a comemoração. Por exemplo, foram realizadas Jornadas de Reflexão em todos os distritos e na Região Autónoma do Príncipe. Os temas discutidos: Violência baseada no Género; Água e Saneamento do Meio; Meio Ambiente e Turismo e o Empoderamento Financeiro.
Segundo a diretora executiva do Instituto Nacional para a Igualdade de Género “os debates nas comunidades foram frutíferos”.
As mulheres e os homens que participaram “partilharam igualmente situações gravíssimas, que afligem a nossa sociedade e para as quais não têm encontrado respostas, nem soluções. E por não se encontrarem na capital do país, a resolução de problemas tem-se tornado mais difícil”, sintetizou Alda Ramos, sem entrar em detalhes.
No ato central foram ainda apresentados e debatidos temas como “Educação para Cidadania Ativa” e “Violência baseada no Género”.
Maria Milagre Delgado apelou à “união de todas as mulheres”, para contribuírem de “forma resiliente e inclusiva no desenvolvimento de São Tomé e Príncipe, tendo como prioridade o combate à pobreza, onde o rosto feminino ocupa, sem dúvida, um lugar de relevo”.
Ações de solidariedade, mostra gastronómica e momentos de animação cultural movimentaram a Praça Yon Gato.