Go Back Go Back
Go Back Go Back

UNFPA lança campanha pelos “direitos do corpo” nos meios digitais

UNFPA lança campanha pelos “direitos do corpo” nos meios digitais

Notícias

UNFPA lança campanha pelos “direitos do corpo” nos meios digitais

calendar_today 17 December 2021

Está em curso uma campanha sobre os direitos de autor para o corpo humano (bodyright”) nos meios digitais para combater a violência baseada no género e proteger as vítimas que veem as suas imagens serem utilizadas sem autorização.

A iniciativa do UNFPA lançada no âmbito dos “16 dias de Ativismo” visa travar o aumento da violência online, com a criação do “bodyright”. E vai continuar durante 2022.

A pedra angular do movimento a favor dos direitos do corpo é o símbolo , que pode ser incluída em qualquer imagem, através de histórias nas redes sociais, como o Instagram, usando adesivos. Também é possível entrar na página web da campanha para usar a ferramenta (“bodyright tool”) ou descarregar o símbolo diretamente. Todos os recursos e diretrizes estão disponíveis no sítio: www.unfpa.org/bodyright.

O organismo das Nações Unidas vocacionado para a promover a saúde e direitos sexuais e reprodutivos e acabar com a violência baseada no género criou ainda um sítio na internet “O virtual é real”, onde se relatam histórias de pessoas em todo o mundo que foram vítimas e superaram casos de violência digital. No mesmo espaço estão igualmente iniciativas inovadoras do UNFPA para lutar contra esta violação dos direitos humanos.

A campanha destaca que os logotipos empresariais e a propriedade intelectual (PI) sujeitos a direitos de autor estão mais valorizados e protegidos na Internet do que as imagens dos corpos de pessoas.


A mensagem que se pretende transmitir é que as mulheres, raparigas, minorias raciais e étnicas, a comunidade LGBTQ+ e outros grupos marginalizados são vítimas de desprezo, exploração e maus tratos nas plataformas digitais. O objetivo é que todo o mundo se una ao movimento para que os responsáveis pela formulação de políticas, as empresas e os particulares prestem contas.

“O mundo virtual – implacável, sem barreiras físicas e, muitas vezes, anónimo – é a nova fronteira da violência do género”, afirmou a diretora executiva do UNFPA.

A Dra. Natalia Kanem sublinhou que “já é hora das empresas de tecnologia e os encarregados de formulação de políticas tomem a violência digital com seriedade. Neste momento, os logotipos empresariais e os direitos de propriedade intelectual são mais protegidos na Internet do que os seres humanos”.

A realidade é que as pessoas não são proprietárias do seu corpo no mundo virtual. As denúncias contra o acosso cibernético estão generalizadas, desde a hostilidade cibernética até ao discurso do ódio, passando por “doxing” e o uso sem consentimento de imagens e vídeos.

“Doxing” ou "doxxing" é o ato de revelar publicamente informações pessoais de alguém na Internet, como seu nome real, endereço residencial, local de trabalho, telefone, dados financeiros, entre outras. sem a permissão da vítima.

Segundo a Unidade de Inteligência da revista The Economist, 85% de mulheres com acesso à Internet afirmam terem sido testemunhas da violência online contra membros do mesmo sexo. Além disso, 38% garantem que foram vítimas desse tipo de brutalidade. Cerca de 65% de mulheres inqueridas vivenciaram casos de perseguição cibernético, discurso de ódio e difamação, enquanto 57% foram alvos de insultos e “astroturfing”, que consiste em partilhar conteúdo prejudicial em várias plataformas, ao mesmo tempo, através de vídeos e fotos.

Em muitos países, ainda não existem leis que proíbam a violência online. Qualquer pessoa que exija a retirada de imagens que a explore constatará que tem poucas opções jurídicas para fazer valer os seus direitos e proteção. E quem tentar terá um processo longo e doloroso. Porém, quando alguém viola os direitos de autor de músicas e filmes, as plataformas digitais retiram o conteúdo imediatamente. Os governos aprovaram leis que protegem os direitos de autor. Por sua vez, as plataformas digitais encontraram formas de identificar e prevenir o uso de material sujeitos a tais direitos. Estes recursos deveriam estender-se aos particulares e suas
imagens.

Nove em cada dez mulheres (92%) afirmam que a violência online afeta a sua sensação de bem-estar; enquanto mais de um terço (35%) confrontaram com problemas de saúde mental, devido a essa atrocidade. O trauma inibe a liberdade de se exprimir e afeta negativamente a vida profissional e a economia de pessoas que dependem de espaços na Internet e redes sociais. A violência online silencia a voz das mulheres.