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As duas crianças, que nasceram nas primeiras horas deste ano nas maternidades em todo o país, foram homenageadas, como é tradicional, com um kit de produtos para bebés. O patrocínio foi do Fundo das Nações Unidas para População e Desenvolvimento, UNFPA (sigla em inglês) e o Fundo de Parceria Índia-ONU, que apoia acções relacionadas com o Planeamento Familiar. O ato simbólico teve lugar na maternidade do Hospital Central Ayres de Menezes.

O ministro da Saúde, Edgar Neves, e a responsável do Escritório do UNFPA no país, Victoria d’Alva, entregaram as prendas às mães de Maribel Andrade e de Ruafe Afonso. A menina nasceu à uma e quinze e o rapaz à uma e cinquenta e cinco minutos.

Carla Semedo era uma mãe de primeira viagem “muito feliz e orgulhosa de ter um bebé tão lindo”. É a primeira filha. “Fiz todas as consultas no hospital da Trindade e tudo foi ótimo”.

Apesar de a gravidez ter sido “acidental”, o nascimento da Maribel “representa muita alegria. Espero que venha a ter um bom crescimento. Vou fazer o meu melhor para ajudá-la”, sublinhou.


O Ministro da Saúde, Dr. Edgar Neves, entrega a prenda para
Maribel Andrade

Para Eula dos Santos, apesar de “não ser algo planeado” gostou de ter Ruafe Afonso. “É uma sensação muito boa. Sinto-me feliz e honrada por ter um filho assim tão fofo. Está tudo bem. O pai também está muito feliz, ainda por cima, por ser um rapaz. É a felicidade de quase todos os pais”, completou.

Tanto Carla como Eula têm apenas 19 anos de idade. Elas pertencem ao grupo de jovens que estão informadas sobre métodos contracetivos. Carla Semedo, por exemplo, tem a 12.ª classe.

A gravidez precoce é uma “grande preocupação” para o governo, que pretende “descobrir porque é que temos ainda esses valores relativamente altos e melhorar os indicadores relacionados com o planeamento familiar”.

«As condições todas estão criadas. Há um trabalho bem feito, bem estruturado; existem os métodos todos, totalmente gratuitos, existe conhecimento, serviços de acessibilidade fácil, mas ainda temos um caminho grande a percorrer, no sentido de irmos reduzindo – é natural que não se faz de um dia para outro – mas vamos continuar a trabalhar. O importante é termos identificado o problema e tentarmos conhecer as causas para que nos próximos anos os valores sejam mais satisfatórios para todos nós», sublinhou o ministro da Saúde.

A homenagem aos primeiros bebés do ano é também um momento para passar “uma mensagem de felicitação a todos, de aconselhamento e de reconhecimento a todos os trabalhadores, em particular às enfermeiras parteiras que abnegadamente têm prestado serviço aqui nesta instituição”, sublinhou Edgar Neves.

Uma outra coincidência é que as duas mães são do distrito de Mé-Zóchi, que ainda não tem uma maternidade. Os filhos vão ser registados em Água Grande.

Na última Feira de Registo Civil e de Saúde realizada em dezembro, em Mé-Zóchi, questionado pela nossa reportagem, o presidente da Câmara, manifestou-se preocupado com a situação.


A Responsável do Escritório do UNFPA, Victória d'Alva, 
entrega Kit para Ruafe Afonso.

«Já há algum tempo a esta parte, todos os mé-zochianos estão a ser naturais da Conceição, distrito de Água Grande. Se isso continuar, dentro de algum tempo, vamos deixar de ter mé-zochianos de origem e passar a ter migrantes. O verdadeiro mé-zochiano é aquele que nasce em Mé-Zóchi, como eu. É um problema que noutros momentos já chamei a atenção. Sei que no Centro hospitalar da Trindade há salas para o parto e segundo informações que eu obtive há equipamentos, mas faltam instalar, e há défice de pessoal especializado», disse Américo Ceita.

O autarca prometeu “continuar a trabalhar” e “fazer mais pressão” para alterar o quadro atual, porque assim “vamos ter mais cidadãos nascidos em Água Grande em Mé-Zóchi”.