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Mais de duzentos quadros da Educação do país, entre professores, supervisores e técnicos ligados ao terceiro ciclo do Ensino Básico e do Ensino Secundário foram formados na Educação Abrangente em Matéria de Sexualidade (EAS).

O foco foi colocado no “Empoderamento de Raparigas, através da Aquisição de Competências para a Vida e de um Ambiente Escolar Seguro”. Esta é a primeira componente do Projeto de Empoderamento de Raparigas e Educação de Qualidade para Todos (PEREQT).

As disciplinas de acolhimento para os conteúdos transmitidos por vários facilitadores durante duas semanas para os dois grupos são: Educação para a Saúde, Educação Ambiental, Ciências Naturais, Formação Cívica, Integração Social e Biologia.

Os professores daquelas disciplinas vão começar a transmitir os conhecimentos aprofundados, em diversos temas, já no próximo trimestre. Entre eles, os diferentes tipos de relações; leis e valores; atitudes, habilidades, situações ligadas à sexualidade; cultura, sociedade, direitos humanos, desenvolvimento humano e saúde sexual e reprodutiva.

A professora Helena Trindade garantiu, em nome dos formandos, que “daremos o melhor de nós, com o intuito de promover uma educação igualitária, equitativa, inclusiva e empoderada para todos”.

Mas a preocupação está centrada no “empoderamento das nossas raparigas, com vista a criarmos uma sociedade desconstruída de tabus com jovens e adolescentes orientados para o seu desenvolvimento pessoal e da nossa sociedade”.


Professora Helena Trindade

“Estes conhecimentos nos permitirão, enquanto professores, orientar as nossas raparigas e rapazes para comportamentos empoderados, de modo que possam decidir todos os dias sábia e favoravelmente em prol do seu crescimento e desenvolvimento pessoal”, sublinhou a docente proveniente da Região Autónoma do Príncipe.

Pretende-se com a atuação dos professores alcançar trinta e um mil alunos de trinta e quatro escolas a nível nacional.

“Esta ação de capacitação deve ter um efeito multiplicador. O beneficiário último são os alunos, os jovens e adolescentes com que estão em contacto diariamente”, destacou a Encarregada do Escritório do UNFPA, uma das parceiras do projeto.

“A parceria não se traduz apenas em dinheiro. São alianças. São convicções. E os senhores e as senhoras estão numa posição privilegiada para que esta parceria tenha sucesso. Vão ser os atores fundamentais nas suas respetivas escolas. A atitude, a relação relativamente à transmissão destes conteúdos nas escolas é o pilar para o êxito”, clarificou Victória D’Alva.

A saúde sexual e reprodutiva engloba várias dimensões: a física, a emocional, a mental e a social em relação à sexualidade.

“Não é uma questão de doenças ou de endemias, mas sim de relações que afetam o comportamento dos jovens e adolescentes. Os hábitos e a compreensão de uma boa saúde e bem-estar começam precisamente na adolescência. É o momento ideal para que esses conhecimentos lhes sejam transmitidos, para que tomem decisões acertadas e conscientes relacionadas com esses conteúdos”, acrescentou.

Está também prevista a criação de Clubes de Raparigas e Rapazes, que vão funcionar como centros de aconselhamento. A monitorização das sessões será feita por pessoas capacitadas disponíveis e de muita responsabilidade.

Todo este esforço, segundo o diretor do Ensino Secundário, Técnico e Profissional, visa o “fortalecimento da liderança escolar; diminuição das taxas de abandono escolar e de reprovação dos alunos e o empoderamento das raparigas, através da educação que proporciona habilidades e competências para vida e a autoconfiança, contribuindo para a redução da gravidez nas adolescentes”.

Estas intervenções pretendem ainda “promover a masculinidade positiva; garantir que maior número de raparigas permaneçam na escola e reduzir o relacionamento conjugal precoce, disse Nelson Fernandes.

“Para que haja essa mudança no sistema educativo nessa matéria, é necessário um trabalho colaborativo, de responsabilização e um engajamento de toda a comunidade educativa” sublinhou o responsável.  

O diretor do Gabinete do MECC, Ismael Fernandes, complementou: “formações desta natureza são importantes na criação de quadros mentais transformadores. E o professor é um agente de transformação, de mudança de atitude, comportamento e valores. Para que haja sucesso é necessário capacitação e é preciso o envolvimento de todas e todos”.

De notar, que a formação foi uma oportunidade para intensificar e aprofundar conhecimentos que começaram a ser transmitidos nos anos 80, no quadro deste projeto.

A Encarregada do Escritório manifestou a disponibilidade do UNFPA em manter a parceria com o Ministério para “atingirmos os objetivos preconizados, porque são compromissos assumidos pelo país”.

Recorde-se que o governo assumiu “não deixar ninguém para trás até 2030”. E o grupo alvo do Ministério da Educação, Cultura e Ciências são os jovens, adolescentes e, em particular, as meninas.

O projeto PEREQT é uma parceria com vários intervenientes, nomeadamente MECC, suas Direções e rede de professores e técnicos, Banco Mundial, enquanto financiador e com o apoio técnico do UNFPA.